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06 setembro 2010

Yin Yang


"Ousada árvore, para seus galhos tocarem o Céu suas raízes devem tocar o Inferno."

Tenho tendência a ser paranóico e, por vezes, encontrar padrões onde não há, mas enfim, seque esse artigo sobre o equilíbrio, a simetria e o extremo "zero/um". Poir isso ao invés de afirmar (como usalmente faço) eu vou perguntar: Seríamos felizes com o paraíso que criamos a nossa volta se não fosse o inferno que tende em nos buscar? O livre-arbítrio teria graça se não fosse o destino e seus maldito trilhos? E as personalidades no convívio social? Podemos esteriotipá-las tambem em "legais" vs "egocêntricos", os legais são livres e vivem numa boa, fazem todos ficarem confortáveis a sua volta. Já os egocêntricos basicamente têm um "eu devo ser perfeito para ter 'atitude' assim sendo melhor que eles", amplia seu ego para se sentir mais dignos e melhor para consigo mesmo. Superficialmente são personalidades opostas, mas no fundo têm o mesmo problema, pois tanto o legal quanto o egocêntrico tem baixa auto-estima, são inseguros e precisam de validação do grupo, o equilibrado vai pisar nesses dois territórios em dias diferentes e se sentirá bem com isso, afinal esta sendo verdadeiro.

E nas ações físicas? Comer demais e em seguida fazer dieta, beber todas na balada e na manhã de ressaca jurar nunca mais beber novamente, superficialmente, parece uma grande mudança, mas mentalmente é uma gangorra de mesmo eixo, mais uma vez tornando o estereótipo "zero/um" perfeitamente válido e real. Consciente e inconsciente? Te conto que quanto mais eu trabalho e mais ativo sou, mais eu dormo feito um bêbe, e consequentemente quando melhor dormir mais energia terei para trabalhar. A insônia sempre foi minha companheira durante décadas da minha vida, mas agora não mais, pois eu chutei o ócio-criativo da minha vida.

Terceira Lei de Newton do movimento: "Para cada ação, há uma reação igual e oposta". No dia em que aprendi isso no ensino médio percebi que o Yin Yang tinha validade científica, assim como o Karma (se é que você acreditar no que transcende). A lei de Newton e o Yin Yang se aplicam ao amor e ódio, luz e trevas e outras polaridades fundamentais como: a vida e a morte. Quase todos os medos da humanidade são derivadas da morte, através da incerteza do desconhecido que na gigantesca maioria dos casos é velada e fantasiada com ilusões a sua volta para não tocar a verdade: todos morrem. Ninguem quer aceitar que vai morrer, e que pode ser daqui 15 minutos, então fincam pé na vida e desenvolvem fobias absurdas. "O medo mata a mente", já dizia David Lynch, se você tem medo de alturas será restrita à ficar no chão, o que significa metaforicamente o medo de voar? É o medo de conhecer a vida em outras culturas, adquirir novas lentes para ter uma perspectiva diferente, abrir mãos de suas crenças e abraçar uma nova à cada ano... e etc. Logo: Voe! pois se você não esta voando esta desenvolvendo fobias e como dizia Shakespeare: "Os covardes morrem muitas vezes antes de suas mortes, o valente prova da morte apenas uma vez ".


Cena final da Rainha na série "V" (Alerta de Spoiler)

Esse vídeo acima descreve bem como eu me sinto hoje, meu mundo esta desabando frente aos meus olhos, mas eu não estou apavorado. Amadureci rápido demais, daí vem uma das facetas da minha dor atual, não agi com equilíbrio e agora preciso pagar pelo erro. E o que tem de mais em errar? O pecador é quem fomenta o valor do santo, sem ele o perfeitinho divino sequer existiria, e sei que minha fase é passageira (tudo é), já me iludo em algum calendoscópio que a vida cruze no meu caminho e tudo volta ao normal. A negatividade tem tanta atenção em nossa cabeça como a positividade, e qual delas esta certa? Uma te força à tomar medidas e agir enquanto a outra mantém você na zona de conforto, mas é bom lembrar que a inconsistência de qualquer coisa só é registrada nos olhos daqueles que estão ingenuamente unilaterais.

06 agosto 2010

The Matrix


Rob Dougan - Clubbed to Death

Era uma vez um hacker que questionava tudo ininterruptamente, tinha uma farpa cravada na mente que o estava levando a loucura, e que escondia softwares piratas em um livro de fundo falso. A obra cinematográfica dos irmãos Wachowski é inspirada, ou quase copiada da publicação do filósofo francês Jean Baudrillard: “Simulacros e Simulação”, uma obra pós-moderna sobre a erosão do real e o seu deslocamento, ironicamente escrita por um autor polêmico e crítico da cyber-cultura. Mesmo contradizendo alguns dos princípios de Baudrillard, os realizadores esforçaram-se por cumprir suas teorias de forma bastante complexa. Tornando Matrix a prova de que não precisa entender algo para gostar do mesmo, quando estreiou em 1999 a reação da platéia eram somente duas: "Hã?" ou "Wow!". A película tinha um visual perfeito e inovador com um ator ideal para o papel principal, críticos gostam de metralhar Keanu Reaves, mas como cinéfilo afirmo que nenhum ator vivo (ou morto) faria um personagem melhor que o Neo dele.

O niilismo (niilismo pode ser definido como a implosão da subjetividade) estava em alta (e ainda esta), parafraseando os escritos de Eduardo Spor. As estórias e contos em geral antigamente começaram usando como fundo das aventuras as florestas perto do local onde estavam sendo contadas, após um tempo elas foram substituídas por terras distantes, então foram ao espaço sideral e agora sem mais terreno se voltam para o interior do ser humano. Uma das pistas desse pensamento no enredo já se vê em seus primeiros minutos, isso na cena em que Neo abre o tal livro (Simulacro e Simulação), ele é mais grosso que o original e apresenta o capítulo “Sobre o Niilismo” em lugar errado. Talvez, apenas os aficionados interessados nas filosofias percebam isso, mas enfim, fica como curiosidade. Outra prova se acha na net, onde você pode encontrar interpretações subjetivas  tão esdrúxulas que se tornam quase hilárias, e ainda assim mantendo uma lógica razoável, como a de quem Neo é o Anti-cristo (vai contra o “sistema”), Zion é o inferno (situada no fundo da Terra), e Arquiteto é Jeová (velhinho sentando no céu de onde controla tudo).

Indo à premissa básica do roteiro: Neo seria o salvador da humanidade, inspirado no Cristo, contudo não é uma cópia do messias como muitos falam, Buda tem mais influencias nele do que Jesus, se Neo fosse como o carpinteiro, posteriormente à Morpheus informar os seus poderes, deveria tocar uma musica de “ôôhh” e imediatamente Neo moveria as coisas com a mente, não é caso. Morpheus revela que ele é o “The One”, contudo esta no fundo da caverna junto a toda raça humana, assim como descrito por Platão em sua Alegoria, mas que pra sair de lá ele teria uma estrada a seguir, que se assemelha muito ao caminho da iluminação de Sidarta Gautama. Misto, como o yin yang, salva o mundo armado até os dentes atirando com metralhadoras, trilhando o “caminho do meio” que é pregado pelo budismo.

Pra mim o ponto alto búdico é quando o menino diz: “Não tente entortar a colher, isso é impossível, invés disso, somente perceba a realidade: Não existe colher.” Dentro do budismo essa metáfora se aplica da mesma forma que no filme, pois nessa religião, se é que podemos chamar o budismo de religião, ela é praticamente atéia e transmite uma filosofia não-deística. Bom, o fato da colher não existir se refere a um conceito conhecido como “Maya”, onde o mundo todo é uma ilusão e uma vez superada essa ilusão, atinge-se o nirvana. O caminho para a transcendência é a busca pessoal pela iluminação, tanto para os budistas quanto para Morpheus, que afirma que ninguém pode explicar o que é a Matrix. “Você precisa ver por você mesmo”. Já Buda disse a seus seguidores: “Vocês próprios devem fazer o esforço” por que Buda ao contrário do Cristo não salva ninguém, cada um deve ser um Buda (Buddha no sânscrito-devanagari significa o "desperto", do radical despertar)  como ele e seguir seu próprio caminho. Morpheus diz: “Estou tentando libertar sua mente, Neo. Mas eu só posso lhe mostrar a porta. Você é quem deve atravessá-la”.

Como todos os blogs do mundo já ligaram a Alegoria da Caverna de Platão com o filme eu não vou ficar me repetindo, até por que já escrevi sobre ela, aqui esta o post à quem interessar. Logo vou pegar outro filosofo pra continuar: René Descartes, que escreveu: “Quando penso sobre meus sonhos claramente, vejo que nunca existem sinais certos pelos quais estar acordado pode se distinguir de estar dormindo. O resultado é que fico tonto e esse sentimento só reforça a idéia de que eu posso estar sonhando”. Ele imaginou a possibilidade de um demônio estar constantemente lhe dando a ilusão de que todas as suas certezas são corretas, quando na verdade elas não fariam qualquer sentido. Toda essa filosofia do real e ilusório é mostrada por metalinguagem nas imagens que fundem o real filmado com uma câmera comum ao revolucionário efeito Bullet Time. E por mais irônico que seja, as próprias tecnologias usadas para fazer o filme podem dar origem aos primeiros protótipos de uma futura Matrix. Entretanto os diretores deram pistas do que é real e falso dando um tom verde as imagens do interior da Matrix, reforçando o código  de mesma cor mostrando na tela dos operadores.

Aprofundando ainda mais o texto, vamos supor a existência real da Matrix como nosso mundo, isso pois podemos afirmar que, os átomos na realidade podem ser feitos com o mesmo tipo de informação que gera as ilusões dentro da Matrix, assim como o resultado ao se jogar um cara e coroa, o átomo tem sua forma definida pela programação. Somando à isso, existe o fato de que a matéria pode não existir, pois um átomo quando investigado possui uma grande quantidade “nada” em seu interior, vamos supor que um átomo tivesse 15 quilômetros, a sua massa de matéria sólida seria do tamanho de uma bola de basquete, o resto é vazio, e isso supondo que essa “bola” é real, porque a física quântica esta colocando em cheque até mesmo os elétrons e prótons como matéria bruta. O que faz meu dedo afundar ao invés de atravessar as teclas do teclado que estou digitando são as energias atrativas/repelentes que os átomos possuem. Bem perturbador esse fato, concordo com você, você pode sim ser um espírito e já estar no céu... #bang!

O físico John Archibald Wheeler, criador do termo buraco negro, ratifica esse parágrafo acima com pesquisas ao longo dos anos 80 e concluiu que, em um nível ainda mais básico que os quarks, múons e as menores partículas que conhecemos do interior do átomo eram composta de bits (0 e 1). “Cada partícula, cada campo de força e até mesmo o espaço-tempo derivam de suas funções, seus sentidos e sua existência de escolhas binárias, de bits. O que chamamos de realidade surge em última análise de questões como sim/não”. Mas isso em nível sub-atômico, não podemos replicar essa informação para a nossa realidade e dizer que só existe “bem e mal”, física quântica se difere muito da física rudimentar, não vamos confundir as coisas como fez o escritor do “O Segredo”.

A fotografia do filme foi inspirada em Ghost in The Shell, isso porque ambos são derivados do livro ”Neuromancer”, o código da Matrix (as letras caindo) é uma cópia do anime, assim como quando a câmera entra no “zero da tela” de Neo, é idêntica ao mapa 3D do cartoon japonês, os saltos de prédio a prédio tem a mesma enquadração, os tiros do helicóptero que acertam Smith, até as melancias da feira são identicas e ainda muitas outras mais... Os irmãos Wachowski não fizeram questão de esconder esse fato.

Voltando a questão filosófica, e uma das melhores que acho que tem no filme: Cypher quando opta pela “benção da ignorância” está abrindo mão de sua suposta liberdade ou apenas fazendo a sua livre escolha? Já vi muitos críticos dizerem que ele representa o traidor, que é inspirado em Judas e tal, mas eu discordo, por que Neo sim saiu da caverna de Platão e no final da película escrotiza as regras parando balas com a mente, enquanto Cyfer ainda esta dentro da caverna, as maquinas que o controlavam continuam ali, só que agora elas deixaram de ser virtuais e se tornaram reais. Nietzsche em seu livro “Memórias do Subsolo” diz que: “O homem é capaz de deliberadamente escolher aquilo que é prejudicial e autodestrutivo, prefere desejar o nada a não desejar”. Cypher não intenta ser um “anti-herói”, apenas inverte e rejeita as teorias dos seus conterrâneos.

Neo, cedo ou tarde você irá perceber assim como eu percebi: há uma diferença entre conhecer o caminho, e percorrer o caminho.


Da televisão para a mitologia clássica, do cyber-punk à filosofia oriental, Matrix é empilhado de referências, já li centenas delas, só algumas que eu notei:
  • No início vemos o numero 555 que numerologicamente falando significa salvador.
  • A sala em que os policiais tentam pegar Trinity é 303 e o apartamento de Neo é 101.
  • Morpheus oferece a bala azul , caso neo escolha perder a memória, assim como acontecia no Hades, onde todas as almas deveriam beber das águas do Rio Lethe para esquecer quem foram, na colméia da Matrix a humanidade flutua no banho de líquido, as águas do esquecimento...
  • A pílula vermelha é uma referência ao filme “Total Recall” onde Arnold Schwarzenegger deveria tomá-la para acordar da ilusão de Marte.
  • A Oráculo oferece a Neo um Cookie. Na Grécia antiga o Oráculo de Delfos dava aos aconselhados um bolo de cevada misturada com mel para comer.

31 julho 2010

Dono da verdade

Abra sua mente à alvorada do cerebelum derivada da minha luz epifânica. Eu que sou o papa do saber, o prêmio nobel da explicação detalhada, o guru da lógica, o barão do pensamento livre, o rei da precisão, o marechal das minúcias, o mestre-sala do intelecto, o capitão da clareza, o primeiro e o único... ôôôô: Beakman! (rs...). Não, eu não me acho e nem sou o dono da verdade, talvez o cientista maluco de jaleco verde e cabelo em pé seja quem mais se aproximaria disso no meu mundo. Mas a inteligência é algo que todos tem, uns mais que os outros. Até no Twiiter se acha faísca dela, mesmo que o formato do site não colabore muito com isso. Lá, as vezes me empolgo e solto ideias que ultrapassam 140 caracteres, e elas são imediatamente seguidas de unfollows. Entendo que é chato dentro da terra da dedução limitada ser amplo, que alguns estão ali só por entretenimento, e se irritam, não por serem burros, mas por que eu estrago a festa do RT mental... Vamos lá Jokers, não assistiam "O Mundo de Beakman" quando criança, não aprenderam a pensar [?].

"Filosofar é aprender a morrer."
Michel de Montaigne 

Ou seja doí, então:
Besouro-suco, Besouro-suco, Besouro-suco!



À você hater, coringa sem sal que segue toda modinha se adaptando em qualquer mão, que não suporta ver uma carta que tem personalidade própria: vanish! Graças ao grande fantasma de Cezar por você apertar o unfollow. E aos que gostam de pensar e de ler algo mais complexo: Banana! Pra você que twitta coisas alem da hora que corta a cebola pro refogado: Banana! Ou você que vai alem de ficar repetindo todo dia, o dia que o dia é: Banana! Galera que não fica só dando RT no RT: Banana pra todos vocês! Podemos ser intelectuais sem estereótipos, ou não, tem hora e humor pra tudo, viver de bem com o tosco e ao mesmo tempo filosofar sobre os fatos. Pensamos em milênios, é verdade, mas vivemos contando os segundo. xD


28 julho 2010

Justiça

Tão nobre virtude que todos desejam ter em suas vidas não é mesmo, louvada desde a era mitológica ela tem em nossa sociedade brasileira um ministério federal, e não somente isso, um dos três poderes de nosso estado é praticamente dela. Mas não quero falar sobre o principio que ela carrega no governo, que é manter a ordem social através da preservação dos direitos, quero ir mais fundo questionando a própria estatua cega intrinsecamente.


Vou deixar de lado todos os tons de cinza e partir para o discurso preto e braço, justiça é dar o que por direito lhe pertence, ou seja, nada mais é do que vingança, uma equação que se equilibra. O problema é que enquanto uma pessoa (ou nação) luta pela sua justiça, outra pessoa lutará pela dela, é assim que agem os humanos (que governam nações). Trazendo conflitos por todos os lados com o seu uso excessivo, só aumentando a necessidade de justiça/vingança, formando um ciclo vicioso sem fim que roda a humanidade no dedo feito um titereiro desde a criação do Código de Hamurabi. Nós estamos vivendo nesse meio, sabemos o que foi o passado e podemos prever como será o futuro, pois a história mostra que no mundo são sempre aqueles abaixo servindo os que estão acima. Embora usemos de muitos remédios para reverter essa patologia, estamos adquirindo resistência a eles: a religião/espiritualidade não segura mais os oprimidos e a culpa não fere mais os poderosos que tem todos os seus mesquinhos desejos rapidamente atendidos. Não podemos tirar outra conclusão que não seja a de que as pessoas ainda são incapazes de entenderem umas as outras.

A solução não é fácil, e eu não a tenho, estou meramente botando o dedo na ferida. Não podemos simplesmente deixar sem conseqüências os ato cometidos pelo povo a fim de tentar estancar essa hemorragia, o mundo já esta um caos com regras, sem elas voltaríamos às cavernas imediatamente. Também não podemos ser drásticos propondo mudanças de cunho duvidoso, como o Imperador do Star Wars, que queria dominar a força o universo para assim conquistar a paz, ou o Adrian Veidt do Watchmen que simula uma invasão alienígena para unir o mundo contra um inimigo comum. Sendo o mundo de nossa responsabilidade, não daqueles que virão, nem dos que se foram, e muito menos de um deus idealizado, vamos pensar nisso juntos ok, pois o seu esta na reta também. Nosso trem esta indo rumo ao precipício, não se entregue a passividade nesses assuntos como fizeram boa parte das gerações que nos precederam. Pense a respeito e tente sim mudar o mundo, mas não como os vilões acima: pegue um pequeno desafio e o solucione, pegue um pequeno espaço e faça-o um lugar melhor, lembre-se que você é a exceção.

25 julho 2010

Tabu?

En Vogue - Free your mind


Já estamos chegando à famosa Era de Aquário, que os antigos viam como um futuro longínquo, só cabível na imaginação e no sonhar. Evoluímos a ponto de partimos átomos com um desejo. Nossa percepção não se tornou extra-sensorial com telepatia, mas quase o mundo inteiro esta conectado, entretanto ainda reside muita preocupação moral que vemos refletida nos filmes e televisão, especialmente com relação a coisa mais natural que pode existir, o sexo. As pessoas tratam desse assunto com vergonha, as vezes com a falsa ideia de que estão protegendo a sua intimidade, esse pânico com relação ao sexo é realmente irritante para quem quer viver sem amarras. Os novos estão vivendo uma sexualidade sem neuras, tiram fotos explicitas com a mesma naturalidade que se tiram fotos eróticas, os mais velhos ficam de cabelos em pé por que não podiam fazer isso, e ainda não podem, por que agora ninguém mais vai querer vê-los pelados.




Normalmente quem mais sofre com essas questões são as mulheres, especialmente as mais novas, por exemplo, uma garota nos EUA tirou uma foto dos seus seios para seu namorado, tal foto (obviamente) se replicou entre os estudantes e como conseqüência ela foi expulsa. Sendo que o “crime” foi a transferência de material pornográfico, então: porque a escola inteira não foi expulsa? Por que nos somos primitivos e queremos controlar a sexualidade feminina, um garoto pode tirar foto do seu pênis e mostrar ao colégio inteiro, ele é dono do seu membro, já as mulheres são bens da comunidade, que devem ser controladas, são pecadoras, foi por culpa delas que o homem perdeu seu posto no Jardim do Éden...




No futuro todos terão suas próprias fitas de sexo e não será uma questão delicada, na verdade quem não a tiver será a excessão do meio, as pessoas terão mais liberdade, assim como hoje se tornou normal ter uma vida sexual fora do casamento sem ser considerado pecador. Vivemos online cada vez mais exibicionistas, e quem são os que nos perseguem? Os mais velhos, que não fazem ideia de que porra esta acontecendo. O conforto vem de saber que quando as gerações seguintes assumirem o poder todos terão fotos pornográficas online pra terror dos puritanos de hoje, e isso realmente não significará nada, será trivial, o estranho será se você não tiver fotos do seu pau.


12 julho 2010

Will

Primeiramente é um derivado do meu nome, segundo é um verbo inglês que denota o futuro, e por terceiro, ainda na língua inglesa, significa “força de vontade”. Usando o primeiro e focando no terceiro aspecto conto que comecei a vida tranqüila, na infância eu vivia dentro do considerado normal, fui apresentado ao mundo profissional por volta dos doze anos de idade, era algo fácil, me tomava uma ou duas horas no máximo, o fazia em casa sem precisar de muito empenho. Quando me tornei teen às coisas se intensificaram com trabalho de dia e estudo de noite, normal para um adolescente também, essa nova rotina me incomodava, só curtia um sossego quando colocava a cabeça no travesseiro. Preguiça? Não, achava injusto meu suposto salário nos meus primeiros estágios, procurei outros e encontrei alguns com remuneração decente. No ápice dessa escalada percebi que estava exercendo atividades muito aquém do que deveria, me tornei gerente sem os benefícios do cargo, sugado por uma empresa que se aproveitou de minha inocência, o que me levou aos dezoito anos soltar meu sétimo e último: “Eu me demito”.

Fui andando sem pensar em voltar, hoje eu trabalho muito mais que naquela época e não existe mais um logotipo terceirizado no meu peito. Nada contra quem escolhe aquele caminho, cada um tem suas necessidades particulares, pra mim que não rolou, me deixava infeliz. Lá estava eu, do quase topo da cadeia alimentar para um desempregado, me assustei com a situação de imediato, devo confessar, tive que passar no verdadeiro teste que vem junto com toda escolha: precisei repeti-la, constantemente optando em ser verdadeiro com minhas decisões antigas. Até hoje não me rendi, já cheguei ao fundo do poço da derrota falindo minha primeira empresa, mas eu abri outra e não joguei a toalha, preciso honrar o meu nome não é? Pelo contrario, não creio que nome ou qualquer outro tipo de semiótica interfira numa personalidade, sou quem sou por ter vivido o que vivi, “ação e reação” como diria o Merovingian. Falando em Matrix, lembrei do trecho do diálogo final da trilogia, ajuda na ilustração da idéia, vou colocar abaixo a “lição de realidade” - dada por um deus escuro - sendo rebatida por Neo:

Smith: “Por que se levantar, Sr Anderson, por quê? Acredita que esta lutando por algo a mais que sua “sobrevivência”? Pode me dizer, será que faz alguma idéia: Seria pela “liberdade”, talvez “paz”, ou por “amor”? Ilusões, divagações da percepção, criações temporárias de um fraco intelecto humano tentando desesperadamente justificar uma existência sem significado ou propósito, todas tão artificiais quando a própria Matrix. Você deve ser capaz de enxergar isso a essa altura, é inútil continuar lutando, por que Sr Anderson, por que você persiste?!”

Neo: “Porque essa foi a minha escolha.”

Em uma única frase, o deus da luz do mundo virtual desfere uma porrada filosófica que destrói todo o entendimento dado por Smith, o ex-agente que estava passando por uma crise, gerada pelo Arquiteto, que não deixou o programa “reencarnar” como novo software, e se viu obrigado a continuar existindo só para equilibrar o sistema, Neo representa o livre-arbítrio e Smith o fatalismo, dois conceitos essenciais que são refletidos na vontade de todo individuo. Vivemos exatamente nessa linha tênue que separa esses dois mundos: Em um lado podemos fazer tudo que esta disponível dentro do possível, e no outro esta o inevitável que deve ser unicamente aceito, dizem que a verdadeira sabedoria esta em saber diferenciar essas duas situações. A vontade tem até mesmo uma religião em sua volta, criada por Aleister Crowley a “Thelema” prega a descoberta da “verdadeira vontade” no iniciado, esse terceiro olho estaria em comunhão com a “vontade do universo”, despertando o divino que há dentro de todo ser vivente.

Pra mim, Will, a principal arma da força de vontade é a disciplina, que etimologicamente é derivada da palavra discípulo, ou seja, a força de vontade deve ser tratada tal qual se trata um mestre. A subjetividade acarreta influência também: O otimismo que pode inflar o potencial de vitória, assim como o seu oposto, que pode desmontar uma ótima estratégia. A Determinação lhe permite ver claramente o objetivo, não permitindo distorções ou substituições. E mais dois ingredientes fundamentais: A paciência, necessária para reconhecer que certos resultados só são atingidos a médio e longo prazo, e o entusiasmo, que nos envolve de energia preparando-nos pra comemorar no final.


03 julho 2010

Tempo

Green Day - Time of your life

Assim que você nasce deveriam te dar a vida, mas te fazem sentir-se pequeno ao não te darem tempo, te introduzindo a agenda do mundo automatizado, até que a dor seja tão grande que você nem a sinta mais. A vida já começa difícil, eles te magoam em casa e te batem na escola, te odeiam se és astuto e te desprezam se és tolo. Depois de te assustarem por dezoito anos ímpares esperam que você escolha uma carreira, te pressionam tanto que você só foca nos temores. O tempo passa e você pensa ter se tornado esperto e cheio de conhecimento, entretanto esquece que te formaram como operário perfeito, você é apenas mais um plebeu. Herói da classe trabalhadora: “há lugar no topo”, eles continuam a te dizer, porem, para preencher a vaga, primeiro você precisa aprender a sorrir enquanto mata, esse é o novo tipo de alienação atual.

Vinicius de Moraes dizia: “Tende piedade do impávido colosso do esporte que se encaminha nadando para a morte”. Nos todos estamos correndo pra morte, mas não acreditamos nesse fato, Tyler Durden no filme Clube da Luta precisou queimar quimicamente à própria mão para se convercer de que realmente irá morrer, a dor tatuou a verdade no personagem que após isso mudou de vida. E a nossa vida esta insuportável graças ao imediatismo das pessoas, o dia não cabe mais dentro de 24 horas. O tempo, que é por definição a matéria-prima da vida é raro, e o que é raro é caro, o homem mais rico do mundo não o compra, a morte não o vende, contudo todos continuam no absurdo de vender o seu tempo - vida - por uma mixaria financeira. Ouça o som da bateria fora do timing no ar, é outro protestante que cruzou a linha para encontrar dinheiro do outro lado. Posso ouvir outro “amém”? Há uma bandeira envolvida em torno das dívidas dos homens, ou seria uma mordaça.

Alem da preocupação ridícula do consumismo onde somos impelidos a trabalhar em empregos que detestamos pra comprar merdas que não precisamos, tambem somos geralmente filhos dos discípulos da superstição, esse maldito vórtice de mentiras que rouba a nossa realidade nós rodeando com o faz-de-conta. Tudo isso vai se somando e no processo alguns vão pirando por não saber lidar com a incessante areia da ampulheta. Agora, por exemplo, é outro momento decisivo na sua vida, uma bifurcação cravada na estrada, não por esse texto e sim pelo tempo que te agarra pelo pulso e te mostra aonde ir através de suas escolhas. Então, dê o melhor nesse teste conhecido como tempo. É algo imprevisível, mas no final é tudo o que temos.


Referências: Time of your life – Green Day
                   Reengenharia do Tempo – Rosiska Darcy de Oliveira
                   O Desespero da Piedade – Vinicius de Moraes
                   Tic Tac, Tic TAC! –  Post relacionado

30 junho 2010

Falhar

April Fool - xxxHolic Soundtrack 


Normalmente agimos na intenção de estarmos/sermos certos, pelo menos eu sou assim. Não gosto de defender uma mentira ou de contribuir com um erro. Hoje na minha sessão pipoca assisti o filme "Advogado do Diabo" lá o personagem de Al Pacino, vulgo "tinhoso" faz uma descrição bem peculiar do mundo atual, resolvi usar aquela visão como pano de fundo para falar sobre a bipolaridade. Mas eu falhei na hora da síntese e publiquei um post de forma errada, eu achava que estava compreensivo mais as ideias estavam confusas deixando muitas dúvidas.

Primeiro assumi pra mim mesmo que havia escrito um equivoco, isso não foi difícil, eu sei que pisar na bola é normal, acontece, e em seguida o apaguei. Porem havia uma opção sinistra: a técnica da retórica, eu poderia usar da oratória e eloqüência para induzir o leitor à não perceber que eu estava equivocado, isso através de sinônimos complexos e pensamentos conflitantes sem desfecho, mais confundindo do que esclarecendo, políticos fazem uso desse artifício como ninguem, pois esses, assim como muitos, não se importam em falhar.

Quantos problemas podem ser evitados assim, no meu caso era algo simples, um mero post viajado, mas e nas coisas que realmente importam e que realmente nos dão trabalho para corrigir. Muitas vezes percebemos que falhamos, mas ao invés de voltarmos para corrigi-lo fugimos para frente se distanciando do problema. Não é fácil contornar certas conseqüências, mas deliberadamente permitir a falha faz com que qualquer erro seja duplo.

P.s.: A trilha desse post é do Watanuki - xxxHolic - um personagem meio... atrapalhando.

26 junho 2010

Honra

デッドエンド・シンフォニー
Monte Fuji

Eu sempre fui um admirador da cultura japonesa, fascinam-me alguns comportamentos típicos desses nossos irmãos orientais. Eles têm uma disciplina que supera a nossa e nos faz parecer soldados rasos ante um general vitorioso, a perseguição quase obsessiva pela perfeição de algo, o bushido que ensina viver a cada segundo, a cada tecla que eu aperto aqui, a cada linha que você lê aí. Existe outro grande aspecto latente na cultura japonesa, a honra, que é um valor baseado num princípio orientador, ou um sentimento relacionado ao respeito público, tornando alguém incorruptível, ela esta ligada diretamente com a integridade.

Se não controlada a honra se deturpa e flerta com o orgulho, outras vezes se assemelha a um narcótico. A ética deveria ser a principal lei interna da honra, contudo são comuns associações com moralismos. Por exemplo, era costume uma mulher manter protegida a sua virgindade para assim preservar a sua “honra”. O samurai também mantinha a honra como um bem valioso e se a perdesse, intencionalmente ou não, era melhor o Seppuku, ou suicídio, contudo a "honra" estava ligada estritamente a obedinência e lealdade ao Daimyo - feudo. Logo a honra esta sempre relacionada à sociedade em que ela esta inserida e limitada as suas verdades e regras.

Recentemente virou moda no nosso lado ocidental ser desonroso, somos impelidos à sermos assim por pressão, tudo de plástico no nosso mundo descartável, nada feito para durar e atributos excenciais que precisam de esforço se tornam dispensáveis. Se fosse o contrario e a honra fosse incentivada ela inspiraria confiança e credibilidade nas pessoas - o que esta em falta - gerando otimismo e evolução. 

"A glória deve ser conquistada; a honra, por sua vez, basta que não seja perdida."

Arthur Schopenhauer

07 abril 2010

Fonte da Vida

Death is th Road to Awe - Clint Mansel


"Assim, Deus baniu Adão e Eva do Jardim do Éden e colocou uma espada flamejante para proteger a Árvore da Vida."
Gênese 3:24

Deus teve medo e a escondeu dos mortais, uma prova (teológica) que é possível, é o anseio de todos os que vivem, continuar sem fim a sua história. Muitos tentaram e até ficaram famosos na sua busca, como é o caso do alquimista Nicolas Flamel que segundo a lenda teria produzido a Pedra Filosofal, ou elixir da vida eterna, contudo, infelizmente, ele morreu. Freddie Mercury perguntava: "Who wants to live forever?(Quem quer viver para sempre?)" na sua linda canção que questiona a relevância das coisas frente a morte certa e inevitável.

Prepare-se para virar um hippie-metafisico com o filme "Fonte da Vida" (2006), escrito e dirigido por Darren Aronofsky, autor de filmes tão singulares e polémicos como "Pi" (1998) e "Requiem para um Sonho" (2000). Fonte da Vida é um dos meus três filmes preferidos, ao lado de Dogville e Scanner Darkly. O maestro Clint Mansel, responsável pela trilha sonora fez um dos melhores trabalhos de sua carreira com partituras singelas e ao mesmo tempo grandiosas na ressonância de sensações e emoções.

Quando o vi pela primeira vez, eu não consegui absorver tudo o que a película proporciona, são vários temas subjetivos, entrelinhas filosóficas e significados ocultos divididos em três linhas temporais. Pode parecer complexo (e é na verdade), mas é delicioso extamente por isso: é atrevido em sagacidade mas não no estilo cult pretensioso, qualquer um pode entender essa saga na luta contra a morte.



Seguindo a metáfora bíblica, por ter comido da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal, o ser humano teve como consequência o nosso dia-dia moderno, nós vivemos com essa dualidade, tal como: Amor e ódio, viver ou morrer, certo e errado. Elas praticamente infectam todos os momentos do nosso cotidiano, em baixo de tudo isso esta a verdade: A Árvore da Vida, que representa a unidade ingénua do utópico Jardin do Éden. Pode existir uma diferença entre mim e você, mas se formos fazer um paralelo, somos um (ou estamos um), minha mente esta conectada com a sua fazendo uma só "frequência", a diferenciação entre escritor de blog e leitor de blog se torna irrelevante, o que importa é a mensagem que foi / esta sendo enviada por mim e recebida por você, que é uma só.

O filme nos ensina que é preciso um desprendimento do ego para vencer a morte, se entregar ao inevitável para poder viver plenamente. Nele viajamos pelos labirintos da existência humana até os seus confins, sonhamos com a eternidade do espírito humano e de um amor indestrutível. A fotografia é espetácular, cores quentes contrastam com a fragilidade de Izzy (Rachel Weizs), os efeitos especiais não somente feitos a base de computação gráfica, são também usadas reações químicas para demonstrar a explosão de uma super nova: Shibalba.

Um dos grandes atratívos do filme é fato da mesma história ser contada em tempos e realidades diferentes, isso desafia a imaginação do expectador, suas três premissas temporais básicas são: No Século XVI O navegador espanhol Tom (Hugh Jackman) vai até as Américas em busca da Árvore da Vida para salvar a sua Rainha (Rachel Wezs); no presente o médico Tom desesperadamente tenta achar a cura do câncer para a sua esposa e no futuro (Século XXVI) o astronauta Tom finalmente consegue achar repostas para sua perguntas.


Concluindo o filme num "Eterno Retorno Nietzscheniano", ou seja, um universo limitado em espaço contudo infinito em tempo. Nesse universo, após se esgotarem todas as combinações possíveis de seus elementos (como cartas em um baralho), tais combinações passariam a se repetir indefinidamente, assim sendo, todas as mais insignificantes variantes possíveis na vida de uma pessoa, animal, átomo ou até elétron seriam vividas da mesmíssima forma por toda a eternidade. Estamos a repetir eternamente o que eternamente estamos à repetir.


E alem de tudo, esse filme nos faz questionar: Amamos essa vida ou não? Se tudo retorna - prazer, dor, alegria, guerras, fome, grandeza, mediocridade - se tudo torna, isso é um dom ou uma maldição? Seriamos capazes de amar-mos a vida tal qual a temos - única vida que temos - a ponto de vivê-la como ela é, sem a menor alteração, por todo o sempre? Sofrendo e gozando da mesma forma e mesma intensidade? Temos amor a esse ponto ao nosso destino? Essa é grande questão filosófica, o Eterno Retorno que esta presente nesse magnífico filme.

31 março 2010

O perigo de voar


Como seres humanos precisamos nos unir para apoio e proteção. A vivência em grupo é uma das tradições mais antigas da raça humana, mesmo quando éramos nômades, ninguem saia sozinho, toda a sociedade se movia como um todo, pois a força da unidade era a única salvação no mundo selvagem. Apesar de não nos preocuparmos mais com um predador querendo nos devorar, precisamos ainda nos preocupar com pessoas, que, pior que o bicho (só queria tirar a barriga da miséria) são seres humanos (leia: animal mais perigoso da Terra).


Eu estou convencido de que a raça humana, hoje, assim como no passado, só sobreviverá a esse século se parar com o Muro de Berlin e se unir. Não estou falando de pasteurizar as culturas, homogenizar as pessoas ou derrubar os países dando um cartão da ONU com um código de barras para todos os seis bilhões. Estou falando da falta de exclusão, permitir aos diferentes serem parte do bolo. Aceitar, tolerar, reparir, perdoar, ensinar, evoluir à "um povo único" com um multiverso acessível à todos. Porem, infelizmente, isso é John Lennon demais para a gigantesca maioria das pessoas que só vêem o próprio umbigo naquele clássico: quero acordar na minha casa própria, tomar meu café, ir com meu carro para o meu trabalho ganhar o meu dinheiro para comprar as minhas coisas.


Não sou contra o espirito livre, mas se você sair do grupo e voar sozinho (ou se isolar, aviso aos depressivos), as chances são que você seja extripado pelos alienados desesperados que estão por todos os lados, pois não haverá ninguem pra lhe segurar quando despencar do céu, não haverá sequer alguem pra te avisar em que direção não voar, o grupo ainda é importante e necessário. E isso que eu só estou abordando o lado prático da coisa, sequer coloquei em mesa a questão do aprendizado da convivência, o valor das horas que se repletam de alegria provindas do grupo ou o amor que é gerado fazendo cada presença ser preciosa.


16 março 2010

O resto é irrelevante

Denea - Flowers Of The Sea (To the Children)


"Eu, Will, lhe pergunto: Assim como Atlas, o Titã condenado por Zeus à carregar o mundo nas costas - suster o céu -, você esta pronto para assumir resposabilidades e deixar de lado as desculpas?"
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A única coisa que um judeu precisa saber é que Moisés ensinou que havia um só Deus para todas pessoas. O resto é irrelevante.
Um cristão precisa saber que o Cristo ensinou à amar o próximo como a si mesmo e Deus sobre todas as coisas. O resto é irrelevante.
Os budistas precisam saber que Buda ensinou que devemos nos desprender de nosso ego e transcender o mundo físico. O resto é irrelevante.
Um muçulmano precisa saber é que a guerra santa que o profeta ensinou não é uma batalha contra outras crenças. E sim a luta para a conquista do nosso próprio mal. O resto é irrelevante.
E a única coisa que um ateu precisa entender é que nós, não um deus distante, somos os responsáveis por nossas atitudes e pelo mundo. O resto é irrelevante.





09 março 2010

Entretenimento



Por anos o imaginário popular a procura de entretenimento manteve suas aventuras fantasiosas em locais distantes de sua morada, no início, quando o mundo era desconhecido em sua totalidade, os livros usavam como pano de fundo as florestas e lugares inóspitos da Terra para descrever seus contos. Depois de devido tempo o homem dominou o planeta inteiro, avanços tecnológicos fizeram os maiores mistérios terrestres se tornarem óbvios. Então vieram temas espaciais fora de nossa atmosfera, aonde o homem busca aventura no desconhecido sideral, é o caso dos enredos de Star Trek, Star Wars e derivados. Contudo, esse tema engloba leis cientificas complexas e idéias de difícil compreensão e absorção da massa popular, foram então resumidas a naves espaciais, raios lasers e humanóides alienígenas com um ego semelhante ao nosso.


No final dos anos 90 um antigo tema gerou uma nova tendência nas estórias mundo afora: sendo a face do planeta totalmente decodificada e o espaço inviável, os autores voltaram a escrever sobre o próprio ser humano, grandes histórias foram contadas desvendando o mistério da psique de nosso cérebro, questionando as nossas verdades, é o caso de filmes como Matrix, entretanto o questionar do eu é ainda menos popular que explicações de explosões a gravidade zero. Em Matrix, os diretores usaram o Mito da caverna de Platão como pano de fundo para a trama de libertação de Neo, porem, para atrair a população geral foi necessário agregar ao enredo: Erotismo, fetichismo, violência, messianismo, tiros, kung-fu e até holismo. Tudo para que as pessoas se conectem e sintam afinidade com o que estão vendo na tela. E haja visto que a maioria das metáforas do primeiro filme não foram totalmente absorvidas houve como conseqüência uma mediocrização das duas seqüência do longa-metragem.


Esse esforço todo em querer que todos vejam um produto de qualidade não é para a difusão em grande escala de cultura, como era a intenção inicial de toda estória, não! Atualmente o esforço é para obter dinheiro. Tendo isso em vista, os produtores de cultura usam a massa para entreter a própria massa! Você se vê na tela, estereótipos de tribos urbanas são representados em programas como BBB, Fazenda, Ídolos e etc. Programas de auditório mostram reformas em casas (Ex.: Lar Doce Lar – Caldeirão do Huck) refletindo o bum imobiliário que esta havendo no Brasil para que o povo veja na TV, de forma exagerada, o que está acontecendo em sua própria vida.


Existe também a internet que poderia ser uma valiosa ferramenta de entretenimento para a massa. Contudo infelizmente os canais mais populares da Web são os que aonde nós mesmos fazemos um reality show online ao expormos nossas vidas no Orkut, Facebook e Twitter para o entretenimento alheio, tudo instigado e impelido por impérios cibernéticos para gerar lucro.

17 fevereiro 2010

Fevereiro no Brasil


Pra mim, o carnaval é a alforria do ego (self/alma) disfarçada numa tradicional baderna generalizada que infecta a maioria dos brasileiros, e os fazem perder a máscara da hipocrisia que durante onze meses repousam sobre suas faces mentirosas e nesse mês se libertam e se revelam como seres: Felizes, alcoólatras, irresponsáveis e depravados. Eu também tenho minhas perversidades, contudo não preciso de um festival pagão pré-cristão pra viver as necessidades de minha carne, as assumo e as consumo quando me dá vontade e não quando me é permitido.

Nesse ano eu me refugiei, como sempre faço, pois não me agrada tanta desordem, quando retornava à minha casa, ao entrar no meu bairro, numa rua comum onde todos transitam em paz em um dia "normal", vi o carnaval se manifestando: Era por volta do almoço e vi um senhor muito bêbado e com a pele extremamente queimada e vermelha, deduzi que ele havia passado o feriado na praia e por motivos de força maior acabou impelido à chegar aqui, ele não sabia aonde estava, deu para ler isso nos seus olhos, foi de dar dó. E não somente ele, pessoas estranhas e bêbadas por todos os lados, cheiro de churrasco, carros apressados em pleno feriado, bares abertos entupidos de gente em plena segunda-feira.

Essas coisas me fizeram lembrar-se de uma idéia que li no livro "À Sombra das maiorias silenciosas" de Jean Baudrillard onde ele explica que a função primária da massa é absorver impactos. Tal qual um soldado que obedece a um major do exercito, o povo obedece ao sistema e realiza tudo o que lhes é pedido, como: consumir muito, aplaudir a mulher-pavão cheia de penas da TV, viajar para o litoral/interior para distribuir riquezas, jogar fora o bom senso e etc... Outra condição muito comum da massa (que por definição deve ser "silenciosa") é aceitar ver o Congresso Federal não trabalhar durante dois meses e ter como recompensa uma semana de folia, uma troca justa aos olhos alcoolizados dos mestres-salas e porta-bandeiras tupiniquins. Logo, agora todos podem voltar a cuidar do mundo que os rodeia, já que o carnaval passou: Bom dia, acordem.